"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

Cornélio - Um novo Pentecostes



Nos tempos de Cornélio o mundo estava dividido em dois: o mundo judeu e o mundo gentio. Os judeus, como povo de Deus, consideravam-se superiores e julgavam que a revelação e a graça divinas eram destinadas exclusivamente a eles. Assim, tratavam os gentios como seres imundos, pagãos, indignos, e não se misturavam com eles. Viviam num mundo à parte. Havia como que uma barreira, uma “parede” de separação que os afastava deles.
Jesus veio. Como homem era judeu. Mas era também Deus e, como tal, viera ao mundo identificar-se não só com os judeus mas com todos os homens. A todos veio salvar, e foi por amor da Humanidade inteira que morreu e que ressuscitou. Ele veio desfazer barreiras: De ambos os povos fez um, derribando a parede de separação que estava no meio... Efésios 2:14. Anteriormente: mundo judeu - mundo gentio. Agora: um mundo apenas.
Com Cornélio foi feita a experiência piloto, o arranque inicial, a reconciliação de dois mundos pela cruz de Cristo. Vejamos: Deus comunica-se a Cornélio e a Simão Pedro. Deus vai ao encontro deles para levar a efeito o Seu propósito.
Cornélio era um gentio distinto, um cidadão romano, capitão da chamada “coorte italiana”, guarda-avançada do Império em terras da Palestina. Era um militar, um representante da autoridade terrena dominante. Ele personificava bem o mundo gentio.
O que parece estranho é o facto de aquele homem gentio ser piedoso e temente a Deus, um homem espiritual. Seria ele já um prosélito do judaísmo? Fosse como fosse, e apesar de todas as suas qualidades, ele precisava de Jesus. As esmolas que dava não eram tudo. A oração que fazia era apenas um primeiro passo. Um primeiro passo porque a oração põe-nos em contacto com Deus. E ali estava Cornélio orando, em jejum, às três horas da tarde. Ele buscava a Deus. E Deus se-lhe revelou através de Pedro.
Ao meio dia, estando Pedro a orar num terraço, teve fome. E, num êxtase, viu descer do céu comida: carne de diversos animais. E uma voz lhe dizia: Mata e come! Mas eram animais imundos! No entanto, Deus lhe disse: Não faças tu imundo ao que Deus purificou! Qual o significado desta visão? Que queria o Senhor dizer a Pedro? A resposta não se fez esperar. Vêm os emissários de Cornélio, e o Espírito diz a Pedro que vá com eles. E ele vai. Vai, apesar de todos os preconceitos, pois ele sempre tinha pensado que o Evangelho era também monopólio dos judeus e que os gentios não tinham acesso ao Reino de Deus. Mas... não faças tu imundo ao que Deus purificou!.
Ao chegar, Cornélio lança-se a seus pés, mas Pedro diz-lhe: Levanta-te, porque eu também sou homem! E começa a explicar: Vós bem sabeis..... isto não é lícito. (vr.28) ... mas Deus mostrou-me ! Ah grande Pedro, que é capaz de passar por cima da tradição e de sufocar o preconceito secular, só porque Deus lhe mostrou que isso estava errado ! E Pedro contou. Contou como Deus se-lhe tinha manifestado, no terraço, em oração. E concluiu: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas. Esta era a grande verdade nova: não há favoritismo, não há segregação. Oportunidades iguais para todos, tratamento igual para todos.
A raça não conta. Nem o passado, nem a família, o dinheiro ou a posição social, a profissão ou a cultura. Deus ama a todos sem distinção.
Finalmente Deus integra novos homens no Seu Reino. O anúncio do Evangelho foi feito com clareza: incluía a morte expiatória de Cristo, a Sua ressurreição e o apelo à fé para perdão de pecados. E mais uma vez Deus interveio. Houve conversão de almas. Cornélio e os que com ele estavam, abriram-se para Jesus, e o Espírito Santo entrou neles dando um sinal que constituía um prolongamento do Pentecostes: falaram línguas glorificando a Deus. Era o início duma nova era, a abertura da porta aos gentios. Havia que selar este acontecimento, integrando-o no plano universal de Deus.
As línguas do Pentecostes Actos 2 são um sinal de que o Evangelho é para todos os povos, de todas os idiomas. Isso devia ficar ali bem patente. Não foi um novo Pentecostes mas uma extensão ou ressonância desse facto histórico que foi a descida do Espírito Santo. Se houvesse ainda alguma dúvida, ter-se-ia dissipado.
O Senhor estava a aceitar aqueles gentios, primícias de muitos outros, no Seu Reino. E foram baptizados (baptismo da água), como exteriorização simbólica dessa grande realidade espiritual que é o baptismo do Espírito Santo.
Foram quatro dias decisivos: oração, visão, testemunho, conversão, baptismo.
Afinal, Cornélio somos também nós. O Evangelho é para nós. Para os gentios. E Deus vem ao nosso encontro.
Mas Pedrosomos nós também. Nós, testemunhas de Cristo, dependentes de Deus em oração e acção, sensíveis e flexíveis à vontade do Senhor. E se o não somos ainda, sejamo-lo a partir de agora.





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Camilo em 2006/04/19
Obrigado irmão Nilson, pelos teus comentários, que são os primeiros que recebemos, só algumas horas após a publicação do artigo do nosso irmão David Oliveira. Já não me lembrava de te ter enviado essa mensagem, mas o assunto é o mesmo que é abordado pelo David. Eu também não consigo identificar o deus de Moisés, com o Deus Pai, que Jesus nos revelou.
Como Jesus, o Cristo, é muito maior que Moisés e muito maior que as Escrituras, é nesse Deus que Jesus revelou que eu acredito. Deus teve de enviar seu Filho ao mundo, por dois motivos.
Para morrer pelo pecador e também para nos mostrar que Ele existe e para sabermos como é o Deus supremo, o Deus de todos os povos. É como se o próprio Deus nos dissesse: “Eu não sou nada disso que dizem de mim. Vejam o meu Filho, pois quem vê a Cristo Jesus é como se visse a mim.



De: A. A. Felicio  Em 2006/04/20
Prezado Irmão Camilo,
Apreciei muito o bom estudo apresentado pelo Irmão David de Oliveira. Este estudo vai ao encontro das minhas reflexões e de tantos outros que procuram respostas para imensas questões que não conseguimos saber.
Talvez a maior de todas será porque: Se Deus existe porque existe o mal? Se Deus não existe porque existe o bem? Este título encontrei-o num recente livro de um teólogo. Há muitos mistérios que não conseguimos perceber. Só a fé em Jesus Cristo, Deus encarnado que veio até nós para salvar a humanidade nos pode dar  tranquilidade porque existe um futuro para o homem.
 Um abraço do



De: Manuel Pedro Cardoso Em 2006/04/27
Saudações fraternas.
Gostei de ler o artigo do irmão David Oliveira, principalmente por isto: tenho observado, ao longo dos muitos anos que, dentro das igrejas, as pessoas que defendem a posição oposta ao desse artigo, isto é, que o Antigo Testamento deve ser tomado à letra, são, invariavelmente, intolerantes, arrogantes e de mente estreita. A posição do irmão David Oliveira coloca-o, imediatamente, fora desse grupo desagradável. No entanto, tenho de confessar, irmão, que a minha posição é esta: creio que o Deus do A.T. é o mesmo que o Deus do N.T., revelado por Jesus Cristo; os intermediários para a revelação é que são diferentes. Hebreus 1:1/2 diz: Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Note-se que Deus outrora não se revelou directa e totalmente, mas falou pelos escritores bíblicos e é só nos “últimos dias”, aqueles que o Novo Testamento iniciam, que Ele se revela pelo Filho que é a “imagem do Deus invisível Colossenses 1:15. Os escritores do A.T. envolveram forçosamente no que escreveram as suas concepções próprias, não foram falsos “médiuns” repetindo palavras que Deus lhes dizia, e é por isso que hoje, ao lermos o A.T. temos de o fazer à luz do Novo Testamento e nunca seguindo à letra o que aí encontramos. O povo de Israel conheceu cedo uma ideia superior de Deus, mas o seu conhecimento é gradual e relativo. Por exemplo: Abraão, que vinha de uma religião pagã, no princípio ainda acreditou que o Deus que se lhe revelara também queria sacrifícios humanos e ei-lo pronto a sacrificar Isaque. Mas no monte Abraão descobriu que o Deus verdadeiro abomina sacrifícios humanos, dá-se Ele mesmo, e Abraão melhorou a sua compreensão de Deus. Num mundo de intolerância como era a generalidade do mundo pré-cristão, os escritores bíblicos não conseguiam ver tolerância em Deus; e nesses dias de extrema violência os escritores inspirados ainda falavam de Deus como o terrível. Podemos perguntar-nos é se seria possível ser de outra forma. Não seria totalmente inútil uma pregação tipo Sermão da Montanha num tempo em que reinava a brutalidade? Além de mais, com o Novo Testamento vai iniciar-se um tempo de presença do Espírito Santo no crente. Já não é tanto o que está escrito que nos dirige, mas o que o Espírito em nós diz. No entanto, no Antigo Testamento também há revelações luminosas do Deus de amor, de compaixão, Deus que é pai e é mãe. É no Antigo Testamento que Jesus encontra textos que usa para falar de Deus de amor. O Antigo Testamento é um tesouro de coisas boas, mas também tem reflexos dos tempos brutais. Então aqui aplica-se esta palavra de Jesus: O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más Mateus 12:35. Creio com o apóstolo Tiago que Deus é o Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação Tiago 1:17, mas é só em Jesus Cristo que encontramos a Sua maior revelação.
Agradeço a David Oliveira ter manifestado o desejo de conhecer a minha opinião. Ela aí fica, com o pedido de desculpas e o meu voto de que continue a escrever sobre o assunto, que merece a nossa reflexão. Um abraço para todos os companheiros em Cristo do