"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

O Cristão e o Dinheiro

Doutrina: O Cristão e o Dinheiro
Texto-base: 1 Tm 6.1-21

A Bíblia ensina-nos como enfrentar muitas situações diferentes na vida, incluindo como lidar com o dinheiro. Jesus falou muito sobre esse assunto e a Bíblia refere-se muitas vezes às riquezas (Ec 10.19). O dinheiro pode ser bênção ou maldição, dependendo do uso que dele fazemos. Como administramos o dinheiro afeta a nossa comunhão com o Senhor. O dinheiro é um rival de Cristo pelo senhorio da nossa vida (Lc 16.13,14), além de moldar o nosso caráter.

Princípios bíblicos que orientam o trato com as riquezas:

1.Tudo pertence a Deus.

Quando nascemos, nada trouxemos, quando morremos nada levaremos (Ec 5.13-15; 1 Tm 6.7-10; Sl 49.16,17).
Tudo o que possuímos é um empréstimo de Deus! Ele tem o direito de pedir quando quiser. Devemos usar bem o que Ele nos confiou!
Ilustração: Ternos usados nas funerárias não têm bolsos, pois nada levamos.
A terra é do Senhor (Sl 24.1; Ex 19.5; Dt 10.14; Ag 2.8). Tudo o que recebemos vem DELE (Tg 1.17; Jo 3.27; 1 Cr 29.14; Dt 8.18).
Exemplo de um rico: Jó. Era muito rico, “o maior de todos do oriente”: 7000 ovelhas (que davam lã, carne e leite), 3000 camelos (uma caravana de transporte, aluguel, uma transportadora), 1000 bois (para arar os campos, fornecer carne, couro), 500 jumentas (forneciam a iguaria da época: leite de jumenta, transporte).
Deus disse ao inimigo: “tudo quanto tem está em seu poder”. A resposta de Jó: “Deus me deu, Deus tomou”. (Jó 1.20-22).
"Se tudo vem do Senhor e pertence a Ele, então não só o que damos, mas também o que guardamos e gastamos é dEle. É errado pensar que quando damos uma parte de nosso dinheiro ao Senhor, o restante pertence a nós. Tudo pertence a Ele. Na verdade, Ele simplesmente nos permite usar o restante para o nosso sustento." (Lourenço E.K.)

2.Devemos possuir as riquezas e não ser possuídos por elas.

Não há nada errado em possuir os bens, em dirigir um carro. O problema é quando os bens nos possuem, quando o carro nos dirige. Ilustração: Homem que não saía de carro na chuva para não sujá-lo.
Jó nunca se prendeu aos bens. Como não era ele o proprietário, não teve problemas em devolvê-los.
O dinheiro em si não é pecaminoso, mas o amor às riquezas (1 Tm 6.10)
O rico insensato (Lc 12.13-21) usa várias vezes os pronomes possessivos: os meus. Não junte na terra, mas no céu (Mt 6.19-21; Sl 62.10). Quem tem como seu tesouro as coisas terrestres, terá seu coração escravizado por tais coisas. A palavra grega traduzida avareza (pleonexia), literalmente significa a sede de possuir mais.
O avarento não entra no céu (Ef 5.5). Devemos estar contentes com o que temos, pois Deus cuida de nós (Hb 13.5; Sl 37.25; Fp 4.10-13; 1 Tm 6.6). O problema é: em quem confiar?
A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria (1 Co 10.19,20; Cl 3.5). A ambição pela riqueza e a sua busca freqüentemente escravizam as pessoas (Mt 6.24).
As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.23,24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança (Lc 12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (Lc 8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11).
O amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta e cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10).
O pouco com Deus é tudo (Pv 15.16). Não se apegue às coisas!!!

3.Devemos trabalhar para ganharmos nosso dinheiro.

O homem deve trabalhar (1 Ts 4.11,12; 2.9; 2 Ts 3.10,11; Ef 4.28; Pv 27.23-27) honestamente e diligentemente (Pv 10.2; 16.8; 20.17; 22.28; Pv 21.6), numa atividade que glorifique a Deus (1 Co 10.31; Cl 3.22-25; Dt 23.18).
A Bíblia condena a preguiça (Pv 6.9-11; Pv 28.19; Ec 10.18). O preguiçoso adia o começo daquilo que deve ser feito (Pv 6.9,10; 22.13) e não termina o que já foi iniciado (Pv 12.27); é adepto da lei do menor esforço (Pv 20.4). Jesus abençoou Pedro através do trabalho – a pesca (Mt 17.24-27).


Como Satanás controla os avarentos: através da ganância, sede de poder, orgulho, medo, temor da insegurança financeira.

1.Ganância

Ser ganancioso é ter além do que pode usar: 3000 pares de sapato, 5 carros, vários relógios, etc.
Antídoto para a ganância: Generosidade. Dar a Deus (Pv 3.9,10; 1 Cr 29.17; 2 Co 9.6,7,10).Dar aos pobres (Lc 22.33; Pv 19.17; 11.24,25; 21.13; 28.27; Sl 41.1; Is 58.10; Mt 6.4; 19.21)
Jesus, do que recebia, dava aos pobres (Jo 12.5,6; 13.29). Paulo (Gl 2.10) e João Batista (Lc 3.10-14) são exemplos.
Devemos mostrar gratidão (Cl 3.15; 1 Ts 5.18) e contribuir com alegria (2 Co 9.6-8)

2.Orgulho

Comerciais que apelam para o orgulho: “Suas amigas vão morrer de inveja”, “Só para pessoas exigentes”.
Antídoto para o orgulho: simplicidade, despojamento, humildade (Mt 10.16; 2 Co 11.3; Hb 13.5,6). O exemplo de João Batista (Lc 3.11-14).

3.Medo

Muitos são dominados pelo pensamento: “E se não tiver amanhã?”. Colocam até o dinheiro no colchão.
Não devemos nos preocupar, pois Deus cuida de nós (Mt 6.25-34)
Esperança em Deus ou nas riquezas? (1 Tm 6.17)
Nunca devemos pôr nossa confiança nas riquezas (Sl 62.10; 1 Tm 6.17-19; Pv 11.28; Lc 12.15-21; 1 Tm 6.4-11; Mt 6.24). O dinheiro não é fonte de alegria ou contentamento (Pv 15.16-17; Ec 5.10-11). É bom ter o suficiente, mas não o excesso (Pv 30.7-9).

Devemos evitar:

• Dívidas fora do seu alcance (Rm 13.8). O crente não deve fazer dívida. Devemos fazer uma previsão de gastos para não perder o controle. Não devemos nos comparar com os outros, nem cairmos no consumismo desenfreado (1 Tm 6.8-10). Evitar a todo custo, contrair mais dívidas para pagar dívidas; Não aceitar propostas de credores fora de suas reais possibilidades de pagamento; Não dever a agiotas. Dicas: gastar menos, ganhar mais, vender algo que não seja essencial.
• Ficar por fiador (Pv 17.18; 11.15; 6.1-5; 22.26)
• Desonestidade. A pessoa que promete pagar é obrigada cumprir a promessa. Aquele que promete e não paga está pecando. (Lc 16.12; Sl 15.4,5; Hb 2.9; Ef 4.1,25; Mt 5.37). A honestidade é parte do caráter cristão (2 Co 8.21; Tt 2.5; Pv 11.1; Jr 17.11). O nome de Deus é blasfemado, quando somos desonestos (Rm 2.21-24).
• Fazer do objetivo da vida o enriquecimento (1 Tm 6.9; Pv 23.4)

O que fazer com o dinheiro?

• Seja “rico para com Deus” (Mt 6.33; Jr 9.23-24; Pv 3.9,10).
• Viva dentro dos limites de seu orçamento (Pv 22.7)
• Pague os impostos e obedeça às leis do governo (Mt 22.17-21; Rm 13.1-8; 1 Pe 2.13-17; Sl 37.21).
• Não ser ganancioso, nem oprimir outros (Pv 28.8; Tg 2.6-7; 5:1-6; Am 8.4-6).
• Ore pedindo ajuda a Deus (Tg 4.2). Deus supre a necessidade (Mt 5.45; Sl 37.25; Mt 6.31,32). É preciso distinguir entre necessidade e cobiça (Tg 4.3; Is 55.2,3)
• Procure orientação (Cl 3.16; Hb 10.24; Pv 11.14; 12.15; 15.22; 24.6 )
• Não invejar a prosperidade do ímpio (Sl 73).
• Desfrute sem comprar (Praia, biblioteca, museu, parques públicos).

Existem coisas que o dinheiro não pode comprar, como uma espiritualidade genuína (At 8.18-20; Ap 2.9)

Muitos crêem que a riqueza é um sinal de benção e a pobreza de falta de fé ou pecado.
Os fariseus escarneciam de Jesus por causa da sua pobreza (Lc 16.14). Essa idéia falsa é desmentida por Cristo (Lc 6.20; 16.13; 18.24,25).

Obras Consultadas:

CUNNINGHAM, Loren. FÉ E FINANÇAS NO REINO DE DEUS. Venda Nova: Betânia, 2003.
STOTT, John. FIRMES NA VERDADE – Estudos Bíblicos 2 Timóteo. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SWINDOLL, Charles R. Jó - Série heróis da fé. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.