"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

Deus - Onisciência

Doutrina: Atributos Divinos - Onisciência
Leitura: Sl 139.

A onisciência divina pode ser definida assim: “Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato simples e eterno” (Grudem).

1. O conhecimento de Deus é abrangente.

Deus conhece plenamente a si mesmo, Seu eterno e infinito Ser (1 Co 2.10-11). O homem não conhece nem a si mesmo de forma plena, quanto mais as coisas mais distantes, mas Deus conhece a Si mesmo de forma completa.
Deus conhece todas as coisas que Ele criou (1 Jo 3.20; Dn 2.22). Seu conhecimento não se pode medir (Sl 147.5; Rm 11.33).
Deus conhece todas as coisas no universo (Hb 4.13; 2 Cr 16.9; Jó 28.24; Mt 10.29-30).
Deus conhece até o escondido, que o homem não conhece (Js 7.1-26; Gn 18.12-15). Podemos guardar um segredo de qualquer pessoa, menos de Deus, pois Ele tudo sabe.
Deus conhece cada recôndito do vastíssimo universo. Ele criou tudo e a Bíblia diz que Ele mede o universo a palmos (Is 40.12; 48.13), para dizer-nos que o Senhor o conhece “como a palma da mão”.

2. O conhecimento de Deus é exaustivo: Ele conhece tudo, totalmente, não parcialmente. Deus conhece tudo sobre tudo.

3. O conhecimento de Deus é infinito; transcende todas as coisas criadas.

4. O conhecimento de Deus é arquétipo: Ele conhece o universo como ele existiu em sua própria idéia antes que viesse a existir como realidade finita no tempo e no espaço.

Deus conhece cada detalhe do nosso ser (Mt 10.30; Ap 2.23) e todas as nossas necessidades (Mt 6.8).
Deus conhece as palavras que ainda vamos falar (Sl 139.4), os nossos pensamentos (Sl 139.1-2). Conhece nossa vida antes mesmo de nascermos (Sl 139.16).
Deus conhece o coração humano (1 Sm 16.7; 1 Cr 28.9; Jr 17.10) e suas intenções (Ez 11.5; Sl 139.2-4; Pv 15.11). Deus conhece as ações das criaturas (Jó 31.4; 34-21; Sl 56.8; Pv 5.21).
Somente Deus tem este conhecimento, dos pensamentos e intenções de todos os milhões de criaturas em todo o universo, homens, anjos e demônios. Os anjos ou os demônios não conhecem o pensamento do homem, mas Deus o sonda completamente. O homem só conhece a aparência, mas Deus conhece o interior do homem.

5. O conhecimento de Deus é intuitivo: Deus conhece tudo simultaneamente, sem precisar pensar, raciocinar ou contar algo para saber seu número. Todo o conhecimento está presente na sua consciência (Sl 90.4; 2 Pe 3.8). Ele não precisa contar os bilhões de estrelas ou o número imenso de grãos de areia na praia; Ele simplesmente sabe o número exato deles.

6. O conhecimento de Deus é simultâneo: vê na totalidade e não pouco a pouco ou de modo sucessivo. Ele não aprende, não acrescenta algo ao Seu conhecimento.

Deus conhece o passado perfeitamente. Mesmo aquelas pequenas coisas, que nós esquecemos, Ele lembra. As lágrimas que choramos são todas conhecidas do Senhor (Sl 56.8). As promessas que Ele fez certamente serão cumpridas, pois Ele não se esquece (Is 49.15).

Deus conhece o futuro (Is 41.26; 42.9; 46.9-10; 42.8-9; 1 Sm 23.10-14; Jr 38.17-20). Para Ele passado, presente e futuro são a mesma coisa. Muitos videntes, adivinhos procuram enganar as pessoas, com prognósticos que falham muitas vezes, mas Deus anuncia o futuro desde o passado, sem se equivocar em nenhum acontecimento, pois Ele conhece tudo o ainda vai ocorrer.
Deus anunciou por meio do profeta que levantaria um rei que queimaria ossos humanos sobre o altar que Jeroboão erigiu, contrariando a orientação divina (1 Rs 13.2). Esta profecia se cumpriu integralmente, cerca de 350 anos depois (2 Rs 23.16).

Deus conhece todas as coisas possíveis, ou que poderiam ter acontecido (1 Sm 23.11-13; Mt 11.21-23; 2 Rs 13.19).
Deus conhece os fatos contingentes (aqueles que podem ocorrer, mas não se tem certeza de que ocorrerão, estão sujeitos a condições não previstas e ao livre-arbítrio humano). Os homens têm a liberdade de escolha, mas Deus conhece de antemão as escolhas que eles farão. Tudo o que a liberdade faz é conhecido por Deus, mas não pré-determinado. O conhecimento que Deus tem não determina o acontecimento das coisas. Por exemplo, Deus sabe que certa flor irá desabrochar em determinada época, mas o que faz com que isto aconteça não é este conhecimento divino, mas as leis da natureza que Ele próprio estabeleceu.

Apesar de Deus conhecer todas as escolhas que faremos ao longo da nossa vida, Ele não nos exclui da responsabilidade por cada decisão que tomamos.

Outro atributo divino diretamente ligado à Sua Onisciência é a Sua Sabedoria.
O conhecimento de Deus é a preensão dos fatos como eles são e a sabedoria é a adaptação deste conhecimento a certos fins.

A sabedoria de Deus está revelada na Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Os homens não sabem como conduzir o seu caminho, por não conhecem as Escrituras (Mt 22.29; Sl 119.98,99). Ela é o manual que nos conduz num caminho certo, iluminando os nossos passos (Sl 119.105). Se queremos sabedoria, é só pedirmos, que Ele nos dará (Tg 1.5).
Mesmo conhecendo a Palavra de Deus, muitos erram deliberadamente e ainda culpam a Deus, dizendo que se Ele sabia que aconteceria algo ruim e poderia ter evitado, mas nós somos responsáveis por nossas decisões erradas e temos que assumir as conseqüências de nossos erros (Gl 6.7). Se Deus evitar o pior, será exclusivamente por Sua misericórdia (1 Cr 21.15).

Importância da onisciência divina:

Se sabemos que Deus conhece todas as coisas, podemos confiar a Ele nosso futuro, vivendo uma vida livre de ansiedades (1 Pe 5.7). Podemos descansar que o Senhor sabe o que é melhor para nós, ainda que no momento para que aquele caminho não é o melhor (Rm 8.28; Pv 14.12).
O Senhor Jesus nos advertiu sobre as preocupações que roubam a nossa paz (Mt 6.25-34), dizendo que devemos buscar em primeiro lugar cumprir a vontade de Deus e confiar que Ele cuida de nós.
Diante de tantas preocupações, o homem atual vive ansioso e depressivo, consumindo aos milhões ansiolíticos e antidepressivos. Entretanto, aquele que serve ao Senhor pode, mesmo em meio a tantas tribulações, deitar e dormir tranqüilo, como fez Davi, quando fugia da perseguição de Absalão e escreveu o Salmo 3.
Deus lembra do passado e todas as Suas promessas estão de pé, mesmo aquelas que nós mesmos esquecemos. Não precisamos estar preocupados com o cumprimento delas, pois o Senhor é o maior interessado em cumpri-la (Jr 1.12).

Obras consultadas:
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e Seus Atributos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. 3ª edição.