"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

A Verdade Sobre a Mentira

A verdade sobre a mentira
Leitura: Jo 8.44

Mentir é fazer declarações propositalmente falsas ou declarações parciais que envolvem falsas impressões ou meias verdades. Exageros propositais e ate verdades ditas com propósito de enganar são mentiras.
Nos dias atuais, é vergonhoso como se lida levianamente com a mentira. Os homens fazem pesquisas e estudos que tentam explicá-la, procurar a sua origem, mas em geral ela é considerada pelos que não conhecem a Deus como inofensiva, até mesmo uma necessidade da vida e, em última análise, como algo bom.

A mentira origina-se no diabo

A Bíblia nos mostra que a mentira é um pecado há muito revelado, que consiste em rejeitar a verdade de Deus (Rm 1.25). Ela tem sua origem em Satanás – ele é chamado "pai da mentira" (Jo 8.44-45). Assim, o pecado só entrou no mundo por meio da mentira, pois Satanás enganou os primeiros seres humanos através da mentira: "É certo que não morrereis... mas sereis como Deus" (Gn 3.4-5). O inimigo continua incitando os homens a mentir (At 5.3; 13.10). E toda a sua obra baseia-se em mentira e engano (2 Ts 2.9-11; Ap 12.9).
Com toda a certeza a mentira não é indicação de inteligência do homem, mas um sinal característico de uma vida sem Deus, que não ama a verdade e é a identificação de uma natureza pecaminosa. Por isso, a crescente tendência para a mentira em nossos dias também é um sinal evidente dos tempos finais (1 Tm 4.1-2).
Devemos ter cuidado com o que dizemos, pois o Senhor Jesus diz assim: "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo" (Mt 12.36). Se você soubesse que tudo o que você diz está sendo gravado e poderá ser usado contra você num tribunal, você ainda diria tudo o que tem dito? Falaria as mesmas coisas?
Os mentirosos, portanto, fazem aquilo que é próprio de adversário e não de Deus, de forma que estes não herdarão o reino de Deus (Ap 21.15,27; 22.15).

A mentira cria uma falsa certeza, falsa segurança (Is 28.15).

Os homens pecam desde o nascimento, falando mentiras (Sl 58.3) e é muito comum as pessoas mentirem para tentar resolver as questões mais simples da vida. Por exemplo, mentem para serem aceitas em determinado grupo, ou para não terem de dar maiores explicações. Mas os fins não justificam os meios. Pedro mentiu para ter acesso, para ter conforto e para se proteger e, assim, negou Jesus três vezes (Jo 18.17-18, 25-27). E ainda hoje os homens mentem com estes mesmos propósitos e outros ainda mais banais.

O problema maior consiste quando a pessoa toma a mentira como verdade (Is 5.20; Rm 1.25).
Nenhuma mentira procede da verdade (1 Jo 2.21). Mas a pior mentira é aquela que parece verdade ou é meia verdade, pois é mais difícil de ser identificada.

Deus detesta a mentira (Pv 6.16-19; 12.22; Jr 23.32). Aqueles que mentem são excluídos da presença de Deus. A Bíblia diz em Salmos 101.7 “O que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos.” Entretanto, os que falam a verdade habitarão com Ele (Sl 15.1-4).

Somos considerados mentirosos se dizemos que somos cristãos, mas não obedecemos a Deus (1 Jo 2.4).
Igualmente se dissermos que temos comunhão com Ele e andamos em trevas (1 Jo 1.6).
Se dissermos que não pecamos, também mentimos (1 Jo 1.8).

Devemos falar a verdade

A Bíblia, tanto no AT quanto no NT diz expressamente que não devemos mentir (Ex 20.16; Lv 19.11; Cl 3.9; Ef 4.25). Somos ordenados a imitar a Deus (Ef 5.1) e Ele não mente (Nm 23.19; 1 Sm 15.29; Tt 1.2; Hb 6.18). Assim, o cristão deve falar sempre a verdade (Ef 4.15). Não devemos mentir nem por brincadeira (Pv 26.18,19). A mentira “tem pernas curtas”, é logo descoberta (Pv 12.19).
Deus é a verdade (Dt 32.4; Jr 10.10; Jo 14.6). A Palavra de Deus é o padrão da verdade (Sl 119.160; 2 Sm 7.28; Jo 17.17). O Espírito Santo é o Espírito da verdade (Jo 14.17; 15.26; 16.13).
O cristão não deve mentir, mas falar sempre a verdade (Zc 8.16; Jr 23.28). Quando mentimos aos outros, ferimo-nos a nós mesmos, pois pertencemos ao mesmo corpo, a igreja (Ef 4.25).
Quando mentimos não estamos seguindo o exemplo de Jesus (Cl 3.9-10). O justo odeia a palavra de mentira (Pv 13.5). Adquirir riquezas através de mentiras é abominável (Pv 20.17; 21.6; 19.22)

A Bíblia aprova a mentira feita para salvar uma vida?

As parteiras egípcias (Ex 1.15-21) disseram ao Faraó que chegavam tarde ao parto das hebréias, o que não é necessariamente mentira (Elas podiam apenas desobedecer atrasando-se deliberadamente).
Raabe mentiu para proteger os espias (Js 2.4-6). Podemos entender sua atitude dentro da situação – vidas em risco, mas nunca dizer que a Bíblia aprova ou defende sua atitude. Neste mesmo tipo de situação Abraão (Gn 12.12-19) e Davi (1 Sm 21.2) também mentiram. Raabe era uma pecadora que foi salva por sua fé e não por sua elevada moral.

No livro Introdução à Filosofia (Norman L. Geisler e Paul D. Feinberg. Cap. 27), nos traz uma boa explanação com relação à nossa postura em situações difíceis. O autor coloca algumas possibilidades:
1. Nunca devemos mentir para salvar uma vida;
2. Nunca devemos pecar para evitar o pecado;
3. Devemos confiar na providência de Deus;
4. Devemos escolher o mal menor. (A pessoa é simplesmente obrigada a cometer o menor dos dois males, e então confessar seu pecado. Qualquer que seja a decisão, a pessoa comete um mal. O mal menor nunca é justificável);
5. Devemos escolher o bem maior. (Significa obedecer à lei superior - conforme revelada na Palavra de Deus - sempre que há um conflito inevitável entre dois mandamentos divinos, ou mais).

“O mal menor em situações conflitantes nunca é justificável como tal; é simplesmente perdoável. O dever da pessoa é cometer o mal menor, não o maior. Deus não manda que a pessoa peque em situação de conflito, pois Deus não pode pecar nem pode mandar que outros pequem (Tg 1.13).
Podemos concluir dizendo que as Escrituras nunca aprovam os pecados cometidos por aqueles que temem a Deus, mas registra os fatos. As parteiras e Raabe, não foram elogiadas pela mentira, e sim pela fé que exerceram.

Diferente de uma mentira “branca” é não dizer toda verdade, para proteger alguém. Deus ordenou a Samuel que não dissesse o motivo real de sua viagem a Saul, quando foi ungir Davi (1 Sm 16.1). Ele não mentiu, pois foi sacrificar, mas se revelasse o outro motivo correria risco.

Conclusão

Aqueles que vivem na mentira estão presos ao engano e somente pela verdade serão libertos (Jo 8.32).
Situações cotidianas da mentira: fofoca, aumentar ou diminuir um fato, burlar as leis do país, hipocrisia.
A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto se pratica a mesma ação.
Hipocrisia é conhecer a verdade, mas não obedecer – dizer que Cristo é o Senhor, mas não segui-Lo (Mt 23.13)

Verdade é reconhecer a mentira como aquilo que ela é: um pecado que nos separa de Deus. Mas verdade também é saber que podemos confessar a Jesus a mentira e todos os nossos outros pecados e pedir perdão. Verdade também é que, então, podemos aceitar o perdão pela fé e com gratidão. Aquele que fizer isso com sinceridade e de todo o coração, receberá o perdão (1 Jo 1.7,9).

Pensamento: “Muitos amam a mentira. Poucos amam a verdade. Pois podemos amar a mentira de verdade, mas não podemos amar a verdade de mentira…” Rabi Yaacov Yitzchak de Pshischa

Obras consultadas:
CHAMPLIN e Bentes. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 4. São Paulo: Candeia, 1995.