"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

Comentários aos artigos sobre a Índia

Série de reacções sobre os artigos “Índia Urgente” e “Sacrifícios Humanos na Índia dos nossos dias?”

Fernando Cunha
Faro, Portugal  -  Ligado à organização World Horizons
Prezado irmão:
Li a sua troca de e-mails acerca do mail enviado pela JOCUM sobre sacrifícios de crianças da Índia.
Tendo trabalhado, e continuado a trabalhar com um país onde não há liberdade religiosa (muçulmano) talvez compreenda que por vezes acontecem coisas que consideramos “aberrantes” e que fogem ao conhecimento das autoridades...
Lamento no entanto a ênfase do irmão em informar entidades indianas dum “erro” (será?) evangélico. Para quê denegrir a imagem do povo de e duma organização idónea (que poderá sofrer represálias) com denúncias? Até que ponto isto beneficia a obra missionária?
Sei, por experiência própria que informações e pedidos de esclarecimento como o que o irmão fez para com a embaixada da Índia podem trazer sérias consequências. Se o assunto em questão estivesse relacionado com um país muçulmano, garanto-lhe que as consequências seriam desastrosas!
Resumindo: Apareceu uma notícia de oração que o irmão não acha ser verdadeira e interessa-se imediatamente por defender o bom nome da Índia ainda que para isso tenha que expôr uma organização missionária com o selo da aprovação de Deus, mas constituída por seres humanos falíveis como todos nós!!!... Perdoe-me se não for essa a intenção, mas é o que transparece a quem lê!
Há tanto com que nos preocuparmos no que concerna a evangelização de países por alcançar?
Repito a pergunta: Toda esta polémica vai beneficiar em quê a obra missionária?
E se a Jocum encontrar futuramente obstáculos no seu ministério na Índia relacionados com toda esta troca de e-mails? Quem beneficiará?
Confesso que fiquei muito triste com toda esta tentativa de “polémica”.
Há tantas vidas a oferecerem-se para a Obra de Missões (muitas na JOCUM, pode crer!) que precisam sobretudo das nossas orações e contributo.
Alguém disse que “a Igreja é o único exército que mata os feridos...”. Será que não há algo que se possa fazer em benefício desses irmãos que estão na Índia em vez de procurar razões para os atacar? Eles já têm o “acusador dos irmãos”, será que não chega?
Sinceramente, e repito-me, o assunto deveria ficar arrumado, pois não creio que servirá de edificação para o povo de Deus... Para mim, foi motivo de grande tristeza!
Em Cristo o Senhor de Missões
Fernando Cunha  -  World Horizons – Portugal

Bev Ewen-Smith 
Portimão – Portugal
Prezado Irmão
Li com interesse as suas mensagens na procura de verdade. Também fico aflito que tantas vezes temos a tendência a ligar mentiras ao evangelho. Cada vez que um incerto descubre mentiras na nossa mensagem, eles lançam fora o bébébem como a agua (como digamos em inglês) Quem sabe (alem do Senhor) onde ficar a igreja de hoje se não fosse assim.
Cumprimentos
Bev Ewen-Smith

Jeremias R. dos Santos  
Brasil
Caro Camilo:
Recebi essa notícia a respeito da decisão de conversão dos milhões de hindus e confesso que fiquei mais apreensivo que feliz. Isso me pareceu uma adesão em massa ao cristianismo, mas sem uma conversão genuína, algo similar à “conversão” dos pagãos quando o imperador romano Constantino adotou o cristianismo  como religião oficial.  Esses hindus provavelmente se converteram sem nunca ouvir uma pregação ou ler um verso das Escrituras; sabemos que um cristão recém-convertido precisa receber muita instrução acerca do pecado, daquilo que deve deixar da sua vida anterior, vivida em ofensas e pecados, da nova vida de pureza e santidade, da forma de adoração que Deus aceita, etc.
Que Deus o abençoe.
Jeremias R dos Santos

Wladkson Cardoso Ferraz
Contagem – Minas Gerais – Brasil
Hoje tive a oportunidade de ler mais acuradamente as mensagens “ÍNDIA URGENTE”  e “SACRIFÍCIOS HUMANOS NA ÍNDIA DOS NOSSOS DIAS?” publicadas no seu site.
A forma como tens encaminhado a questão e os esclarecimentos apresentados demonstram a seriedade e o compromisso do irmão com a verdade e as coisas de Deus.
Aqui no Brasil as pessoas falam muitas coisas sem fundamentação e sem medo das consequências, assim como eu já falei com o irmão, porém não assumem a responsabilidade pelo que falam e quando são chamadas a prestar contas, dão desculpas deslavadas como a do pastor do JOCUM.

XXXXX 
Brasileiro na Igreja xxxxx em Almada – Portugal
Sr. Camilo, 
Como crente que sou, filho de missionários, entristece-me muito a sua atitude perante este assunto.
Não deve calcular o mal que faz aos próprios missionários o facto de contactar as autoridades civis de um país com tantas dificuldades para os evangélicos.
Agiu mal ao contactar as embaixadas, e se a JOCUM agiu mal, o Sr. agiu pior, pois pagou o mal com o mal.
Reconsidere, e gostaria que publicasse este email na sua página.
XXXXX

Vítor Franco 
Professor Universitário em Évora – Portugal
Caro irmão Camilo,
Os meus parabéns pela forma como tratou este assunto. Os crentes não podem ser intelectualmente desonestos. Espero que este incidente possa ser um pedagógio e não nos continuem a ser enviadas dúzias de textos e informações de qualidade mais do que duvidosa.
Cumprimentos,
Vítor Franco

André Vedolin
Católico brasileiro
Você está tentando trazer outras pessoas de linhas não cristãs. É uma ótima idéia.
Isso é muito importante, não só para o desenvolvimento teológico, mas também para os relacionamentos sociais. Creio que nesse momento político/religioso que estamos atravessando, com maior intensidade após 11 de setembro, é de suma importância que consigamos nos enxergar com os olhos dos orientais e vice-versa. Só assim poderemos compreender melhor e respeitar mais a cultura e fé oriental.
Como comentei anteriormente, tenho formação católica...... trabalho junto a igreja católica, porque os católicos são os que mais desempenham o papel de que Cristo nos incumbiu, o amor e auxilio ao próximo.
Minha esposa e eu trabalhamos em um movimento que se chama Encontro de Casais com Cristo, que visa reunir casais, parecidos em idade e tempo de casados, para discutir  assuntos matrimoniais e bíblicos.
Um grande abraço irmão Camilo e que Deus o abençoe
André

Ashok Hansraj 
Hindu português, residente em Lisboa - Portugal
Caro Sr. e Irmão Camilo,
É com grato prazer que registo o seu contributo em querer esclarecer e repor a dignidade do Hinduísmo, já consultei as suas pags na net com ambos os temas alusivos ao Hinduísmo e à Índia, fiquei sensibilizado pela forma e rigor nas suas missivas em defesa das causas de Deus.
Só um pequeno pormenor, O Hinduísmo é de facto a religião mais antiga da Terra, com mais de 8.500 anos (já existia antes da invenção da escrita)  Hindu significa a pessoa acreditar; em seguir e respeitar os valores internos da vida, tanto éticos como espirituais, que foram germinados na Índia, e incluem todas as pessoas que se considerem a si próprias  defensores da dignidade humana, e que seguem as boas normas de conduta para a preservação da vida Humana e de facto é a única das antigas grandes civilizações que ainda prevalece e que nunca foi imposta ou obrigada a ninguém, por isso não há na história qualquer registo de epopeias de diásporas do Hinduísmo, pois acredita que são valores e estado de espírito do indivíduo que a deve descobrir e atingir por si por seus meios, por sua vontade e determinação, portanto ser Hindu (enquanto religião) é um acto voluntário, não basta ter nascido hindu mas sim é aquele que o pratica.
Terei muito gosto em o receber e conhecer pessoalmente, quando decidir nos dar o prazer da sua visita favor de me informar com antecedência, ficaremos a aguardar,
Fraternas Saudações,
Ashok Hansraj
Relações Públicas da
Comunidade Hindú de Portugal 

Júlio da Silva 
Pastor evangélico em Sydney – Austrália
Caro Ir. Camilo
Paz em Cristo
Com certeza a tal “conversão do cristianismo” nada mais foi do que uma falta de informação ou falcatrua-evangélica-voluntária das ditas organizações.
Tenho alguns amigos pastores indianos, dos quais já pregaram em minha igreja em Sydney, Austrália. Eles me informaram pessoalmente que, infelizmente, o que estava havendo na Índia, nada mais era do que um golpe político!
Isto não significa que o trabalho ou esforço para conquistar almas perdidas na Índia, ou em qualquer lugar do mundo tenha de parar... mas temos de voltar ou reanimar o órgão estabelecido por Deus para este a trabalho: a Igreja local - não a convenção, não instituições paralelas, mas a Igreja.
Estou disposto a contribuir seja com o que for necessário pelo bem dos crentes “disputados”. Tenho experiência em 4 continentes, e sei que não apenas as denominações disputam os mesmos crentes enfim de angariar fundos (e outros), mas as mesmas igrejas das mesmas denominações nas mesmas cidades. Atropelam-se, acusam-se, quase que matam-se por disputa a 5-10 pessoas. Tudo em nome do “ministério” que enviou os ditos missionários... 
Um abraço fraterno
De quem vos quer bem no Senhor
Julio DaSilva

Respostas
Quero em primeiro lugar agradecer a todos que me contactaram enviando as suas opiniões sobre esta notícia que tentei investigar a fim de revelar as conclusões possíveis aos visitantes da minha página. Pois, se segundo Cristo afirmou, Ele é a Verdade, como poderão acreditar na nossa pregação se ela é desmentida pelo pouco respeito pela verdade que muitas vezes manifestam os que dizem pregar o Seu Evangelho?
Verifico que as reacções são as mais diversas, e dou graças a Deus pela receptividade que mostraram os visitantes da minha página, cujo número “disparou”. Segundo informação dum aparelho de estatísticas, em Janeiro de 2002 houve 766 visitantes que entraram (uma ou mais vezes) na “Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas”. Em Fevereiro esse número aumentou para 1374 e hoje, dia 26 de Março, já entraram 2600 visitantes.
Certamente que a maior parte deles vai ler outros artigos e não me contacta, caso contrário não me seria possível responder a todos, mas mesmo assim, houve um bom grupo que enviou os seus comentários entre os quais, a maioria se identifica como evangélica, mas há também um católico com responsabilidades na sua Igreja e um dirigente hindu, a quem quero apresentar um agradecimento muito especial pelos comentários que me enviaram.
A “Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas” é uma página que tenta meditar nos evangelhos, sendo portanto uma página evangélica, mas gostaria de deixar bem claro que não está de maneira alguma subordinada ao pensamento e doutrinas das igrejas identificadas como igrejas evangélicas. Cristo é bem maior do que as igrejas que se dizem cristãs, pois Ele é a imagem do Deus supremo e não a imagem das igrejas.
Como prometi a alguns que me contactaram, vou tentar responder em conjunto às perguntas que me dirigiram:

1) Ir. Fernando Cunha - Toda esta polémica, vai beneficiar em quê a obra missionária?
O mesmo se poderia perguntar a Pedro em Actos 8:18/22 quando recusou a colaboração de Simão o mágico que também queria colaborar na pregação. Um verdadeiro missionário tem de obedecer a certas condições e não pode tolerar a mentira. A Igreja do Senhor não pode crescer a qualquer preço. Um missionário não pode ser simples propagandista do cristianismo, mas tem de ser um exemplo no seu respeito pela verdade, pois Cristo afirmou ser a Verdade. Eu não me referi somente à mentira divulgada pela Jocum, mas a toda a atitude dos seus dirigentes em encobrir e ignorar a sua falta.
Será que uma organização baseada na mentira e oportunismo tem o “selo da aprovação de Deus”? A Bíblia diz que não. Uma organização que proclama o Evangelho não tem o direito de mentir e insultar impunemente. Se mentir é pecado, muito mais grave será mentir à Igreja, persistir na mentira e tentar encobrir a falta. Veja o que aconteceu em Actos 5:1/11.

2) Ir. Ewen-Smith
Infelizmente é bem verdade o que me diz. Quando descobrem a mentira no Evangelho logo rejeitam tudo e não conseguimos dizer que foi falta do missionário e não da mensagem. Mas do ponto de vista bíblico, talvez os incrédulos tenham razão, pois a culpa é nossa, da nossa passividade e da nossa convivência com a mentira muitas vezes na própria Igreja do Senhor. É verdade que Jesus previu que isso iria acontecer, mas mesmo assim somos responsáveis pela atitude que tomarmos quando temos de escolher entre fidelidade às nossas organizações ou fidelidade a Cristo que afirmou ser a Verdade.

3) Sr. XXXXX
Já pode contactar com o missionário seu pai, dizendo que o seu nome está na minha página onde transcrevo a sua opinião, que aliás tenho de compreender como uma reacção natural dum jovem que sempre deve ter vivido no contexto cultural da sua igreja.
Eu só contactei com as autoridades indianas depois de esgotadas todas as possibilidades de levar a Jocum a reconsiderar a sua posição e pedir desculpa às igrejas. Infelizmente, o prestígio dos seus dirigentes foi mais importante do que a situação dos missionários da Jocum na Índia.

4) Ir. André Vedolin
Eu não estou preocupado em “trazer outras pessoas de linhas não cristãs”. Afinal, para onde as poderia “trazer”, se não sou católico nem sou membro de nenhuma igreja evangélica? O que procuro, é compartilhar fraternalmente a mensagem de Cristo, a verdadeira mensagem desse asiático Jesus da Nazaré, que nasceu e viveu na Ásia Menor, esteve em tenra idade no Egipto, no norte de África, mas não nos consta que alguma vez tenha visitado a Europa. Infelizmente, a sua mensagem chegou até nós já ritualizada pela mentalidade europeia e comercializada pela mentalidade americana. A nossa busca pela verdade, tem de nos levar a ultrapassar tudo isso, toda a nossa cultura, para podermos sentir o Mestre no seu contexto histórico e cultural e podermos compreender a sua mensagem que é para todas a épocas e para todas as culturas.
Concordo absolutamente com o irmão André quando se refere à “suma importância que consigamos nos enxergar com os olhos dos orientais e vice-versa”. Não basta falar no amor de Deus e impor agressivamente a cultura ocidental como é infelizmente a atitude de muitos missionários, como se Cristo fosse europeu ou americano. Afinal, qual a religião que não fala no amor de Deus? Segundo opinião de muitos orientais, um missionário é um “assassino cultural”, pois vai impor a sua cultura que geralmente muito pouco tem a ver com a mensagem de Jesus que cada povo terá de interpretar no seu contexto histórico e cultural.

5) Pastor Júlio da Silva
A intervenção do prezado Pastor é da máxima importância devido ao conhecimento que tem dos locais. Também costumo afirmar que a evangelização é privilégio e obrigação inalienável das igrejas, que não pode ficar entregue a “firmas da especialidade”.  Embora ainda haja países não atingidos pelo Evangelho, julgo que nos nossos dias a esmagadora maioria dos países já têm as suas igrejas evangélicas organizadas, como é o caso da Índia, onde estão esses pastores seus amigos. Assim, se algum jovem quer ir como missionário, julgo que o mais correcto e mais bíblico seria, através da sua igreja local, oferecer os seus serviços a essas igrejas já organizadas quer na Índia, em África, na Austrália etc. O que seria se no tempo de Paulo outros “missionários” abrissem outras igrejas em Corinto, em Éfeso etc. sem o contactar e em concorrência desleal com o seu trabalho? Penso que é infelizmente o que se está a passar. Segundo notícias de certas zonas da Índia, onde tenho pessoas conhecidas, o evangelho corre o perigo de auto-destruição com várias igrejas disputando os mesmos crentes. Infelizmente não é só em Sydney que tal acontece. Mas o que considero mais grave é verificar que igrejas evangélicas autónomas e nacionais, culturalmente integradas nos seus países são por vezes prejudicadas pelos tais “missionários” que organizam novas igrejas subordinadas às suas organizações. 
Tem toda a razão o irmão Pastor ao defender o regresso aos métodos bíblicos com a reanimação da Igreja local. Parece que estamos a pagar o preço da falta de fidelidade aos métodos neotestamentários.
Marinha Grande, 2002/03/26