"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

A Bondade de Deus

A Bondade de Deus
Leitura: Sl 34.1-8

Bondade é ser benevolente, amável e ela é exercida em favor dos outros. Esta bondade pode se definir como “aquela perfeição de Deus que o mantém solícito para tratar generosa e ternamente todas as suas criaturas”.
Quando Deus criou a terra e os céus, viu que tudo era bom (Gn 1.10,12,18,21,25,31). Tudo o que Deus faz é bom; tudo o que Ele aprova pode ser considerado bom.
Deus não é somente o maior dos seres, mas o melhor. Deus é originalmente bom em si mesmo. As criaturas podem ser boas, mas a sua bondade é comunicada, não essencial. Em Deus a bondade é parte da sua natureza. Não há Deus sem esse atributo. Ele é bom essencialmente. Deus não depende de ninguém para ter bondade. Ele a tem em si mesmo. Sua bondade não é derivada, é própria. A bondade que os homens possuem lhes é comunicada, mas em Deus a bondade é essencialmente infinita. A sua bondade não muda, mesmo que os homens mudem de atitude para com ele. Como Deus é imutável na sua natureza, assim ele o é nos seus atributos. Deus não muda de atitude para conosco em sua bondade, a menos que a manifestação de qualquer de suas bênçãos seja condicional à obediência dos seus filhos. Mas, mesmo quando seus filhos o desobedecem, a sua atitude de repreensão é cheia de bondade. Deus não se mostra em ira com seus filhos. Na hora de ira, ele se lembra da sua bondade (Hc 3.2).
Tudo o que é bom vem de Deus (Tg 1.17). Ele é a fonte de todo o bem.
Deus é bom para todos (Sl 145.9). Dá a vida, a respiração, a chuva, etc (At 17.25; Mt 5.45; 1 Tm 6.17).
Até o homem pecaminoso, não regenerado, recebe as bênçãos da bondade de Deus. O interesse bondoso de Deus se revela no cuidado para o bem das suas criaturas. Naturalmente, a manifestação de sua bondade tem uma variação de grau de acordo com a capacidade das criaturas em receber essa bondade. Ainda que os crentes não sejam os únicos a receber a bondade de Deus, eles são os únicos a reconhecer e a manifestar uma apreciação adequada das suas bênçãos sendo agradecidos por elas, servindo ao Senhor, o que resulta em mais bênçãos ainda.
Deus é bom (Sl 34.8; 100;5 145.9; Zc 9.17), misericordioso (Ex 34.6; Ne 9.31; Sl 103.8) e gracioso (Fp 1.2; Cl 1.6; 2 Ts 2.16). Jesus declarou que só Deus é bom (Mt 19.17).
A bondade de Deus é notória na variedade de prazeres naturais providenciados para o deleite das Suas criaturas – cores, perfumes, sabores - “porque a terra está cheia da bondade do Senhor” (Sl 33.5).

Expressões da bondade de Deus: graça e misericórdia (Ex 33.19; Sl 23.6).

A Graça de Deus

Graça: favor imerecido. Deus nos dá o que não merecemos (Rm 11.6; Hb 4.16). Graça é um ato de amor para com o necessitado. Deus ama ao Seu Filho unigênito. Mas não existe o elemento graça nesse amor. Ninguém pode dizer que Deus trata Seu Filho com graça.
Deus também ama os anjos, mas isso tampouco pode ser considerado como graça. Por que não é graça o amor do Pai para com o Filho e o amor de Deus para com os anjos? A razão é que não há perdas ou faltas envolvidas. Há somente amor; não existe a idéia de graça. Somente quando há perdas e faltas, quando não existe maneira para resolvermos nossos problemas por nós mesmos, é que o amor torna-se real como graça. Visto que somos pecadores, somos os que têm problemas, e não temos como solucioná-los. Mas Deus é amor e Seu amor é manifestado a nós como graça.
Portanto, quando o amor flui no mesmo nível, ele é simplesmente amor. Mas quando ele flui para baixo, é graça. Paulo saudou a igreja em Corinto: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co 13.13). O amor de Deus tornou-se graça por meio da obra do Senhor Jesus. Portanto, a Bíblia diz-nos que a lei foi dada por intermédio de Moisés, mas a graça veio por meio de Jesus Cristo (Jo 1.17).

A Misericórdia de Deus

Misericórdia: benignidade manifesta aos que estão em aflição. Deus dá menos do que merecemos (Is 60.10; Hb 3.2). A misericórdia sempre pressupõe culpa. A criação toda foi afetada pela queda e está em estado de miséria e pecado, carente da misericórdia divina (Sl 145.8-9)
Deus é eternamente misericordioso, mas a manifestação da sua misericórdia só se entende após o aparecimento do pecado na queda. Há a misericórdia especial e esta diz respeito aos seres humanos caídos. Deus os ajuda e os socorre no meio de suas misérias por causa dos seus pecados.
Podemos definir misericórdia como ‘a bondade de Deus ou amor de Deus para com os que se encontram em miséria e angústia espirituais, sem levar em conta o fato de que eles a merecem. Olhando de um outro prisma poderíamos dizer que misericórdia é o fato de Deus deixar de nos dar aquilo que nós merecíamos receber (Lm 3.22)
O que justamente merecíamos Deus não nos dá, isto é, a punição. Quando dizemos que Deus é misericordioso, estamos dizendo que ele não nos trata segundo os nossos pecados. Ao contrário, ele nos perdoa, não colocando sobre nós a penalidade de nossas transgressões.
Misericórdia é para questões negativas, enquanto graça é para questões positivas. Misericórdia está relacionada com a condição presente, e graça está relacionada com a condição futura. Misericórdia fala da pobreza da nossa condição presente, e graça fala da condição radiante em que você será salvo no futuro.
O sentimento que Deus tem para conosco quando somos pecadores é misericórdia. A obra que Deus realiza em nós para fazer-nos Seus filhos é graça. Não ouso pedir a Deus que me ame nem ouso pedir-Lhe que mostre graça. Mas posso pedir misericórdia a Deus.
Efésios 2.4-5 diz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos”. Paulo disse que Deus era rico em misericórdia por causa de algo. Esse algo é Seu grande amor com que nos amou. Sem amor não haveria misericórdia. Em que situação foi Ele misericordioso para conosco? Ele foi misericordioso para conosco quando estávamos mortos em nossos delitos. Aquilo teve a ver com nossa infeliz situação presente. Por estarmos mortos em pecados, Ele teve misericórdia de nós. Ele teve misericórdia de nós baseado em Seu amor por nós. Que acontece após a misericórdia? O versículo 8 prossegue dizendo-nos que Ele nos salvou pela graça. Portanto, a misericórdia foi-nos mostrada porque estávamos em uma situação de mortos em nossos delitos; então, a graça foi-nos dada para nossa salvação, indicando que recebemos uma nova posição e entramos numa nova esfera. Agradecemos a Deus porque não há somente amor e graça, mas também grandiosa misericórdia.
Em 1 Timóteo 1.13 Paulo diz: “A mim que noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade”. Paulo explica aqui como obteve misericórdia. O fato de obter misericórdia tinha muito a ver com a história de sua vida.
Tito 3.5 diz: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou”. Não há justiça em nós. Enquanto estávamos sem justiça e numa situação de sofrimento e sem esperança, Deus teve misericórdia de nós. Graças ao Senhor que existe a misericórdia! Vimos anteriormente que a misericórdia origina-se no amor e termina na graça. Quando a misericórdia se estende, somos salvos. Ele teve misericórdia de nós na condição em que estávamos, e como resultado fomos salvos.
Romanos 11.32 diz: “Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos”. Por que Deus encerrou a todos na desobediência? Foi para que pudesse mostrar misericórdia a todos. Deus permitiu que todos se tornassem desobedientes e encerrou a todos na desobediência, não com o propósito de fazê-los desobedientes, mas a fim de mostrar misericórdia para com todos. Após ter mostrado misericórdia, Seu próximo passo foi salvá-los.
Existe um lugar na Bíblia que nos mostra claramente que nossa regeneração é proveniente da misericórdia. A Primeira Epístola de Pedro 1.3 diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”. Toda a obra de Deus na graça foi planejada de acordo com Sua misericórdia em amor. Sua graça é dirigida por Sua misericórdia, e Sua misericórdia é dirigida por Seu amor. É segundo a Sua grande misericórdia que Deus nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
Assim sendo, tanto a regeneração como a viva esperança estão relacionadas com a misericórdia. Por existir a misericórdia, existe a graça. Hebreus 4.16 exorta-nos a vir constantemente ao Senhor a fim de orar. Ao virmos orar diante do Senhor, recebemos misericórdia e achamos graça para socorro em ocasião oportuna.

A Paciência ou longanimidade

Há um sentido em que Deus é misericordioso com todos, pelo menos temporariamente. Por algum tempo Deus suporta os seus pecados e não os trata conforme eles merecem. Por esta razão, eles conseguem ter uma vida até suportável, a despeito de todas as suas ofensas ou indiferença para com Deus. Alguns teólogos chamam de paciência ou longanimidade divina (Ex 34.6; Nm 14.18; Sl 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2; Na 1.3)
Na sua longanimidade, Deus espera e leva os homens ao arrependimento (Rm 2.4; 3.25; 9.22). Ele é tão bondoso para conosco que nos suporta e não desiste de nós, mesmo quando reiteradas vezes lhe desagradamos. Há, porém, um limite para isto.