"Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
Efésios 4:1-6

Família - Criação de Filhos parte 1

Criação de Filhos
Leitura: Ef 6.1-4

Os filhos são bênçãos, uma dádiva de Deus (Sl 127.3-5; 128.3; Gn 33.5). Cada filho é nova fonte de vida para os pais, de alegria, de proteção, de santo orgulho. Cada filho é uma nova representação da imagem de Deus na terra, uma imagem que deve ser protegida e criada com todo cuidado. Filhos são uma recompensa, um galardão. São tesouros muito mais valiosos que as posses materiais. Filhos são flechas. Representavam uma forma de proteção aos pais - uma defesa contra a solidão, um auxílio na enfermidade, um socorro presente na velhice. Como flechas, os filhos precisam ser direcionados.

Alguns deveres dos pais:

1. Educar seus filhos na Palavra de Deus (Sl 78.3-7).

Os pais devem buscar orientação de Deus (Jz 13.8-12). Primeiro os pais devem ter a palavra no coração (Dt 6.4-9; 11.18-21; 2 Tm 1.5). Em seguida ensiná-la aos filhos. Abraão, escolhido para ensinar aos filhos (Gn 18.19). O ensino da Palavra de Deus é a base para a formação espiritual, moral, emocional e social dos filhos (Dt 32.46,47). Os filhos precisam saber o valor da Palavra de Deus, compreendendo que a autoridade de Deus, dos pais, da Igreja e do governo provém de Deus (Rm 13.1,2).
Como Noé, os pais devem trabalhar para que toda a família seja salva (Hb 11.7), pois Deus quer salvar toda a família (At 16.31; Ex 12.3,23). Não "terceirizar" a educação dos filhos (babá, tv, escola, igreja).
A palavra é semente, deve ser plantada desde cedo (2 Tm 3.15; Mt 13.8). Falar a palavra para o bebê ainda no ventre (Hb 4.12). Ensinar no caminho (Pv 22.6).

O exemplo dos pais — a lição mais importante (Rm 2.21,22; Fp 4.9). Se os pais não dão exemplo e cobram dos filhos, serão hipócritas; sua palavra perderá o valor. Se os pais quiserem ensinar o filho a ser honesto, eles também devem ser honestos (ao atender o telefone, por exemplo: “Papai (ou mamãe) não está”). Quer ensinar o filho a ser educado, precisa dar o exemplo. O filho logo vai imitar os pais (Gl 6.7). Se os pais querem que os filhos tenham elevados padrões de moral, eles mesmos devem mostrar primeiro que vivem à altura de tais padrões.

Não escandalizar as crianças (Mt 18.6) Não servir de instrumento de escândalo propiciando aos filhos diversões mundanas, filmes imorais, literatura pecaminosa, bebidas alcoólicas. Resultado de quem escandaliza: Mt 13.41,42.

2. Dedicar tempo a seus filhos.

Hoje em dia temos uma vida corrida, atarefada, mas se quisermos ter um bom relacionamento com os nossos filhos, temos de arranjar tempo suficiente para falar com eles e para nos interessar por eles.
É muito importante que haja quantidade e qualidade do tempo que estiverem juntos. Abraão, exemplo de um pai presente (Gn 18.1). Ló, exemplo de pai ausente (Gn 19.1). Oportunidades:
Promover reuniões familiares - Não desperdice a oportunidade de tomar as refeições com todos os filhos. Na hora do almoço, por exemplo, não deixe que eles tomem sua refeição assistindo televisão enquanto vocês pais a tomam na cozinha (ou vice-versa!). Aproveitem juntos as férias ou pratiquem uma atividade física, como família. Outra idéia para encontros familiares é uma "reunião de leitura". Escolha um livro para ler e reúna a família na sala e você, papai, leia a história para ela. Realizar o culto doméstico também é excelente opção!
Promova também Encontros Particulares – Levar um dos filhos para passear, almoçar, tomar café da manhã em alguma padaria. É um tempo muito especial, é um tempo de ter uma "conversa de pai para filho". As viagens também são ótimas oportunidades.

3. Desenvolver a espiritualidade na família.

Os pais devem conduzir seus filhos na vida espiritual (ex.: culto doméstico – 2 Cr 20.13; At 21.5). Orar por seus filhos e com eles (At 21.5). Exemplo de mãe que ora: (1 Sm 1.27,28). Orar antes do nascimento (Sl 139.13-16). Por conversão e crescimento espiritual (Lc 1.66-80). Pelo futuro, profissão, casamento (Gn 24). Pelos afastados (Tg 5.16-20). Pelos filhos e netos (Sl 128). Orar e Jejuar pela família (Ed 8.21). A oração em família fortalece os laços espirituais e afetivos entre pais e filhos cristãos.
Estimular desde cedo a leitura da palavra de Deus, presenteando com uma bíblia logo que o filho começar a ler e passar para ele o quanto a palavra de Deus é importante e saborosa (Jr 15.16).
Estimular o hábito de leitura (bons livros, revistas);
Falar dos feitos do Senhor na vida da família.
Fiscalizar amizades, literaturas, mídia, internet (Lc 12.39);

4. Demonstrar carinho.

Por meio de contatos físicos - Nossos filhos precisam saber que nós temos um grande carinho por eles. Quando ainda são pequenos podemos pegá-los no colo e quando maiores podemos abraçá-los. Com estes gestos transmitimos a eles todo nosso carinho. Se Jesus pôde tocar num leproso, certamente posso abraçar meu filho! Uma coisa que sempre fiz com meus meninos foi brincar de "lutinha". Eles gostavam muito disso. Gestos simples como estes, cultivados no ambiente familiar com respeito dão segurança aos nossos filhos;
Com palavras de afirmação e encorajamento (Ef 4.29) - Saber apreciar os filhos e o que eles fazem, não só reclamar do que eles fazem errado! Algumas frases simples: "Realmente você é uma mocinha", "Você está se tornando um homem de Deus", "Tenho muito orgulho de você ser meu filho".
Os pais devem amá-los incondicionalmente, como são (Deus nos ama como somos, apesar dos nossos defeitos) - mostrar amor e apoio, e comunicar-lhes que eles são filhos preciosos, quer tenham sucesso ou não. Nem todos são estudiosos e intelectuais - Deus criou todos nós com capacidades diferentes e não devemos ficar desapontados se os nossos filhos não têm aptidão na escola.
Consolar nos momentos de frustração (Is 66.13).
Amar sem mimar - Não dar tudo que querem, para que aprendam a esperar e valorizar as coisas.

5. Disciplinar com amor.

A base da disciplina é o amor (Ap 3.19; Pv 3.12; 13.24; Hb 12.6).
A vara da disciplina afasta a tolice (Pv 22.15). Disciplinar sem machucar (Pv 19.18). Para livrar do inferno (Pv 23.14). Para dar sabedoria e descanso (29.15-17). Deus cobrará dos pais (1 Sm 3.13).
Meios para conseguir a disciplina: a) O ensino (Dt 11.18-21). b) O exemplo (Fp 4.9; Jo 13.15; 2 Ts 3.9).
c) A correção (Pv 29.15,17)
Finalidade da disciplina: a) Obediência (Cl 3.20). b) Honra (Ex 20.12). c) Responsabilidade (Lm 3.27). d) Sabedoria (Pv 29.15). Davi - não corrigiu Adonias (1 Rs 1.5,6) e desprezou Absalão causando revolta a ponto de tomar o lugar do pai (2 Sm 14.28,32,33).

Ter algumas regras claras e justas. É melhor explicar a razão das regras existirem - que são para o melhor do filho e não para impedir que se divirta.
Irritamos os nossos filhos (Ef 6.4):
• com regras que não fazem sentido, ou
• quando somos hipócritas.
Ter um castigo apropriado quando a regra é desobedecida - Pense bem no castigo e comunique-o ao seu filho. O castigo deve ser suficientemente duro para ele não volte a desobedecer a regra, mas não deve causar dano físico ou emocional. O castigo deve depender da idade do filho - por exemplo, podia dar uma palmada a uma criança pequena, mas para um jovem isto já não é apropriado.

Dar Liberdade Apropriada (Pv 29.15) - A liberdade que vamos dar aos nossos filhos deve ser progressiva e responsável. Isto significa que no começo da vida do filho o pai o dirige em todas as situações. Somente à medida que o filho amadurece e vai tomando consciência de suas responsabilidades é que o pai vai gradativamente deixando-o tomar suas próprias decisões;

6. Manter uma boa comunicação.

Não minta! Sempre que mentimos, estamos a dar um exemplo mau aos nossos filhos, e é claro que eles irão copiar-nos e começar a mentir também. Que bom quando os filhos confiem em nós e sabem que a nossa palavra é verdadeira. Por isso, convêm pensar duas vezes antes de mentir e desta forma: "faça o que eu digo e não faças o que eu faço" pode tornar-se "faça o que eu digo e o que eu faço".

Manter uma "porta aberta" para os filhos conversarem com os pais. A conversação aberta e franca contribui muito para que cada filho se sinta seguro. Os filhos precisam saber que podem se aproximar de qualquer um dos pais com dúvidas, dificuldades, ou até mesmo reclamações (feitas com respeito, é claro).
Procurar ser amigos íntimos de seus filhos, tornando-se seus confidentes.
Procurar entender seus filhos, buscando entender as razões de suas ações e reações (Sl 103.13);
Evitar gritar com seus filhos;
Perdoe sempre que o filho estiver arrependido;
Pedir perdão quando errar - Se o pai ou mãe fizer uma coisa errada, ou se um deles estiver zangado sem razão, deve procurar um tempo oportuno para pedir perdão ao filho. Custa um pouco, mas vale a pena! Os filhos respeitam os pais que admitem as suas falhas e é bom para eles verem que os pais não são perfeitos!

7. Não ter favoritos.

Favoritismo destrói a família de dentro para fora. Abraão teve dois filhos, mas um foi seu favorito. Ismael, mais tarde, foi o progenitor das nações árabes, que até hoje são inimigas da descendência de Isaque (Gn 25.12-18). As sementes de favoritismo cresceram na vida do filho, Isaque, que amava mais o primogênito Esaú, homem caçador e "do campo", enquanto Rebeca amava a Jacó, homem manso e "de casa" (Gn 25.28). Jacó, que amava sua esposa Raquel mais que as outras três, e o filho dela, José, mais que seus outros irmãos (Gn 37.3).
Como Evitar o Favoritismo na Família:
• Tratar os filhos de forma justa - fazer o possível para que cada filho tenha sua vez de ficar no volante com papai, ou de escolher o primeiro pedaço de bolo na festa, ou de ganhar a primeira bala.
• Dar e cobrar na medida certa;
• Gastar tempo individual com cada filho – antes de dormir, num passeio, etc.
• Declarar e demonstrar a cada filho o seu amor incondicional. Não apenas quando se destacam, mas também quando "pisam na bola", os filhos precisam contar com o amor dos pais.
• Nunca fazer comparações entre irmãos.
• Ajudar os seus filhos a apreciarem o que é especial nos seus irmãos. Esta é uma marca de amor genuíno (1 Co 13.4-6).

8. Envolver a família em ministérios na Igreja.

A igreja local oferece diversas oportunidades para que a família sirva ao Senhor unida, em diversas atividades: música, ensino, teatro, etc. É um excelente local para desenvolverem-se os talentos e dons de cada um.

Obras consultadas:

Anotações – Seminário para a Família com Ir. Lídia Fernandes.
Revista Jovens e Adultos – CPAD – 3º. Trimestre 2003.
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